Há mil e um corações...
Há rabiscos de coração de mãos débeis e imaturas que enfeitam quase todos os desenhos das princesas, pincelados de vermelho-vivo ou cor-de-rosa pálido e não são mais do que um carimbo de um amor inocente de criança.
Há balões-coração nas mãos ásperas de unhas encardidas dos feirantes, há almofadas-coração que recheiam as lojas do shopping, há gomas açucaradas-coração que se derretem numa noite de cinema, há bolas de gelado de framboesa que desenham corações.
Há corações grandiosos, robustos e vagarosos. Há corações que assobiam. Há corações que galopam. Há corações minúsculos, traquinas e irrequietos.
Há corações perfeccionistas, que não se enganam, que correm quando é preciso e caminham quando estão cansados, que empurram a seiva da vida para as mãos, para os pés, para a cabeça.
Há corações esquecidos, que perderam partes ou trocaram tudo.
Há corações mentirosos e traiçoeiros que se esquecem de dançar a música da vida ou dançam uma dança diferente.
Há corações mendigos que pedem esmolas a torto e a direito.
Há corações de manteiga derretidos em banho-maria. Há corações de ferro antigo enferrujado. Há corações apertados, envolvidos num nó de cordel. Há corações que dão gargalhadas. Há corações que choram. Há corações piegas. Há corações convencidos. Há corações presos por um fio de teia de aranha que se parte e fogem.
Há corações de Mãe de príncipes e princesas com mil e um corações.
Há mil e um corações mas um apenas para cada príncipe e princesa...
À princesa que conheci ontem, uma princesa de coração esquecido que de tão trapalhão ficou mendigo... E, que dançou preso por um fio de teia de aranha, mas que fugiu. Ao coração de Mãe que de momento chora...
Coração de Mãe |
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