Flores colhidas preciosamente caidas pelos degraus das escadas, sino que se ouve estridente do outro lado da aldeia, senhores de branco que erguem uma cruz beijada, domingo em que o acordar era fugaz com o sol meigo a derreter os pés da cama, amêndoas cor-de-arco-íris numa taça brilhante que desaparecem nas algibeiras do compasso, uma nota rica embrulhada num envelope vazio sobre a mesa que os senhores pegam quase às escondidas, ovos pintados à mão que se desmacham em sal e pimenta e se engolem um atrás do outro sem parar, primos que se abraçam a segunda vez no ano. É o retrato de um Domingo de Páscoa antigo com perfume a flores de primavera, toque morno da brisa e sabor a amêndoas elegantes que desenham bebés.
Fotografei-o num suspiro ao olhar os vidros imaculados da confeitaria colorida e com perfume doce. Amêndoas gordas, vestidas de lilás, com cheiro a açucar, amêndoas morenas e tostadas, amêndoas magrinhas anoréticas a esconder o chocolate na barriga, amêndoas recortadas que desenham frutas... e, as amêndoas-bebés elegantes, cor-de-rosa e maternais...Eram as amêndoas-bebés que me faziam enfiar as mãos pequenas e atrevidas nos voluptuosos pacotes recheados que a avó me dava e num rodopio delicado, encontrá-las. Passávamos a tarde de Domingo de Páscoa na busca secreta das amêndoas-bebé...Lembrei-me disso, do sabor amargo a uvas azedas e de como eram raras, e confesso que, o pensamento de adorar aquelas amêndoas é um pouco assustador agora... Risos...
Amêndoas-bebé... |
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