Esquecido na mesa desarrumada eis um pacote de amêndoas torradas, um pão-de-ló amarelo e fofo que se derrete nos lábios e agarra os dedos, uma Páscoa de amanhã. Esquecidas entre quatro paredes pintadas de um azul céu interminável, estão as pessoas que cuidam de outras pequenas pessoas...Pequenas pessoas que se esquecem de respirar, que se esquecem de abrir os olhos, que se esquecem de fazer o coração bater.
Angústia lavada pelas lágrimas contidas, esperança fechada num bloco operatório de bisturis e mãos mágicas que retalham geometricamente, sorriso leve, abraço quente, a vida num pedaço de tempo. São a Mãe e o Pai de príncipes e princesas dos mundos sem relógio. São os corações que sustém a respiração. São os olhos que não pestanejam.
E, os bisturis cruzam-se, as compressas deslizam, os soros correm, a ar flui, os drenos dançam...O tempo bate sem parar...Esquecem-se as amêndoas, o pão-de-ló e a vida do lado de lá das quatro paredes...O que conta é aqui e agora!
Aos Pais das pessoas pequenas, pessoas esquecidas e que fazem esquecer...mas que não se esquecem!
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