N-ó-s, os dois, a arrastar uma mochila nova e uma maleta com o material escolar pedido. N-ó-s, impedidos num rompante de entrar na segunda porta da escola. Impedidos por uma decisão superior, inabalável e pelo furor entusiasmado da Exma. senhora professora que recebia de braços abertos os meninos não esquisitos, mas que nos "barreirou" entusiasta a entrada no mundo dos meninos com direitos.
N-ó-s, os esquisitos, afinal não entraríamos ali. Não éramos dali, porque assim tinham decidido, porque a esquisitice dá mais trabalho e tem que ficar num edifício ao lado. A nossa escola não era aquela onde os meninos jogam à bola como nós jogamos e distraem-se a olhar pela janela, fazem asneiras e juntam as letras. N-ó-s, eu e tu, seguimos caminho, para a unidade. Atónita, afónica, taquicárdica. Tu, a perguntar se aquela escola afinal não era a tua.
E, assim vivemos a aguardar decisões, numa correria desenfreada entre relatórios, pedidos e burocracias, porque nós os esquisitos, conseguimos aprender a ler, a contar e a crescer, se alguém tiver paciência para ensinar.
Fala-se da inclusão... Fala-se, não se faz!
Exige-se que os esquisitos se movam mais, lutem mais, gritem mais que os normais.
cara Sofia:
ResponderExcluirSó me ocorrem asneiras.
Força e coragem!
Cada vez mais acho que esquisitos são os outros e não V-O-S!
ResponderExcluirParabéns, grande mãe e grande voz de todos os esquisitos!
Patricia