Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe



Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Bexsero, fazer ou não fazer, eis a questão...

Vacinar, vacinar, vacinar é o lema!
Para os mais leigos, as vacinas são a arma mais valiosa que temos para prevenir algumas doenças e contribuiu para uma franca melhoria da saúde pública e erradicação de algumas doenças.  Em Portugal, o Plano Nacional de Vacinação, gratuito e acessível a todos, é talvez um dos melhores da Europa (arrisco-me a dizê-lo!). E, não é questionável que deve ser cumprido. O não cumprimento prejudica o seu filho e os filhos dos outros.
As vacinas extra-plano, são as que não pertencem ao plano nacional de vacinação, são pagas e opcionais.
Aos meus doentes começo sempre por explicar que cada nome estranho, por exemplo, Meningococo, é como se fosse o apelido de uma família. Isso não significa que se consiga combater todos os seus membros.
Explico assim: “a família Fernandes tem a Mãe G, o Pai F, a filha S, o neto R, a prima I. Se houver uma vacina G contra a família Fernandes, esta inactiva a Mãe mas não os restantes membros da família”. Por isso, às vezes, mesmo fazendo a vacina contra a meningite, o seu filho pode ter meningite, mas esta não será certamente do serogrupo referente à vacina. Uma vacina contra o Meningococo B  impede que o seu filho tenha doença meningocócica invasiva causada pela estirpe B, mas não o impede por exemplo de ter meningite vírica (que é facilmente tratável). Acontece muito dizerem-nos: “mas fez a vacina da meningite, como é possível agora ter meningite?”. É exactamente por este motivo.
E, posto isto, apresento-vos a única vacina com eficácia na prevenção da doença meningocócica invasiva pelo Meningococo B, a Bexsero®.
Existem 13 serogrupos de Meningococo, mas os que causam doença são maioritariamente o A, B, C, Y, W135 e X1. Na Europa, os grandes causadores são os serogrupos B e C. A doença causada pelo Meningococo ocorre mais no Inverno e Primavera e afecta sobretudo lactentes e crianças. A vacina contra o Meningococo C existe como parte do PNV desde 2006 e levou a uma quase ausência de casos de doença provocada por este serogrupo. Agora, surge a vacina contra o Meningoco B, que é neste momento o grande causador de doença meningocócica invasiva em Portugal.
Foi testada, tendo revelado eficácia e segurança. Como efeitos laterais, conhece-se os já habituais de algumas vacinas, nomeadamente a febre, que é controlada com paracetamol. Pode ser administrada ao mesmo tempo que as vacinas do PNV, nomeadamente com a vacina anti-pneumocócica conjugada.
O esquema da sua administração é o seguinte:




Uns afirmam com toda a certeza que é para fazer, outros estão expectantes.
Como Pediatra, tenho o dever e obrigação de falar sobre a vacina e explicar tudo sobre ela até o preço de cada dose (98,36 euros, aproximadamente). Como Mãe-Pediatra, vou fazê-la com toda a certeza, mas ainda não a fiz, porque nunca é tarde para a fazer. Se a recomendo? Claro que sim, mal haja oportunidade vacinal e disponibilidade financeira.









2 comentários:

  1. Excelente tema, excelente ajuda Sofia. Obrigada! Tenho a certeza que muitas mãe estão gratas e esclarecidas neste momento. Beijo grande

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  2. 100% de acordo. Apenas uma questão de terminologia para que se saibam bem as coisas. Não existe nenhum Plano Nacional de Vacinação. O único Plano ministerial de saúde é o Plano Nacional de saúde e envolve sempre perspetivas para alguns anos, o que fazer e cumprir. Depois existem lá dentro vários Programas execucionais, tais como o PNV (Programa Nacional de Vacinação), o qual, apesar das carências económicas do País, continua a ter uma excelente qualidade. Já agora, porque não lutarmos todos para a integração da Bexsero (vacina contra o Meningococo B no PNV?

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