Frio...
Detesto o vento frio que faz encrespar os pêlos dos braços, o medo frio que rodopia na barriga, tomar banho de água fria, caminhar com os pés no chão frio, farturas douradas frias de um qualquer arraial, lagartos de pele fria, cinzento-cru e frio, olhares desenfreados e frios, pingos de chuva agitada, furiosa e fria, o frio que se apodera do corpo depois de uma noite mal dormida, palavras compridas e frias, café desbotado e frio.
Detesto o frio que fica, que não se vai embora, o frio que não derrete com camisola felpuda de lã ou com uma chávena de chá de limão fumegante junto às labaredas enlouquecidas de uma lareira. Detesto o frio que está cá dentro....
Os sítios de termómetro avariado são imensos por aqui... Sinto-me uma gota de sangue escarlate quente e fervilhante a cair desamparada numa mesa de bloco operatório fria.
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