Meninos pé-de-feijão são as crianças de verdade, aprendizes de ser crescido sem
carimbos, pés descalços e duros, que sobem as árvores em segundos, que
saltam as pedras dos rios, que não têm champô com perfume de maçã e que não vão à escola. Meninos da mamã, são
muitos meninos que conheço, farda do colégio de gravata
retorcida, pronunciam palavras compridas como as centopeias e dizem-no
como se estivessem a soletrar, mãos singelas e coração frágil, com medo
de espreitar escondidos debaixo de uma saia elegante qualquer. Meninos pé-descalço de olhar vivo e
quente, choro cantado que se adivinha, língua de fora por detrás da
esquina, que escorrem por entre os dedos.
Meninos papel-vegetal de rosto transparente por entre os lençóis do hospital, cabeça lisa de finos cabelos que fazem cócegas as palmas das mãos e palavras soltas a empurrão, levados pela fadiga, mas não-derrotados. Meninos-guerreiros que tecem no rosto uma força desconhecida, que calados constroem uma rua onde antes só existia pedregulhos. Meninos-da-rua, (alguns que até vivem em casas), barulhentos, que fazem braço de ferro, que comandam outros meninos. Meninos-borboleta
que vivem dentro das páginas dos livros, que fazem contas de somar de
cabeça, que carregam na mochila os sonhos. Meninos
sem relógio... meninos que aprendem as coisas simples da vida a passo de caracol, meninos
que vivem no reino branco sem ponteiros, com perfume a nuvem e
margaridas, que dão gargalhadas sem porquê, que enchem o coração com uma migalha de nada. Meninos com muitos anos, são os meninos que guardamos cá dentro, os retratos de babeiro no primeiro dia de escola, as idas à praia nas férias, o primeiro beijo de amor.
Todos somos uma mistura desses meninos.
ResponderExcluirAdaptamo-nos a qualquer rua qualquer apartamento qualquer quinta qualquer hotel....
A necessidade por vezes a curiosidade outras levam-nos onde por vezes achamos que só os outros vão.
O melhor de ser meninos é que geralmente somos o que vai na alma, o que nos motiva no momento,o que nos ilude, o que nos faz crescer água na boca.
Essa capacidade devíamos ter sempre para por vezes não termos de seguir os caminhos "do que os outros vão pensar" ou "tenho de manter esta imagem".
Deixar sair as palavras que realmente queremos dizer é de menino!
Sorrir... abraçar..chorar... resmungar... enfim ser sem medo de julgamentos de imagens de comentários.
É muito bom ser menino.
É bom quando despertamos isso nos que gostamos.
Deixem-se ser meninos de vez em quando :-))