Muito se fala da cereja redonda e reluzente no topo do bolo, da fava na fatia de bolo-rei, da nota dobrada em mil pedaços que se acha no meio do caminho, das calças de ganga desgastadas de adolescente que uma manhã voltam a deslizar pelas pernas e aterram na outrora cinturinha de vespa. Eu, falo, discurso, verto palavras, sobre a sensação de liberdade de me descalçar depois de uma noite de urgência. Descalço-me, deito os pés sobre a madeira fria, deixo a água correr na banheira, Bon Iver a embalar o pensamento oco, perfume que deixa nos lábios o gosto a água de cocô, minutos infindáveis em que um rio passa por mim... Esta é a minha cereja no topo do bolo, a minha fava do bolo-rei, a minha nota achada, as minhas calças antigas em que volto a caber.
Simplesmente, momentos-eu...
Os momentos-eu são simples, mas luxuosos... São essenciais, são o equilíbrio, a paz interior, um vazio cheio de tudo...Vivam-nos, descalcem-se, comam a cereja do topo do bolo. Posso ajudar? Cá vai...
Um dos momentos-eu... em Herdade da Matinha |
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