Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe



Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe


sábado, 21 de janeiro de 2017

A-M-O-R

Nasceu numa dobradiça da porta de consultório de um hospital quase provinciano. Podia ter nascido numa noite de copos, mas nasceu num fim de tarde, quase noite. Podia ter nascido em salto agulha vertiginoso ou sapatos glamorosos, mas nasceu entre socas de bloco operatório desgastadas e balofas. Podia ter nascido muitos anos atrás, mas nasceu no tempo certo. Nasceu com Apgar 10/10/10 e sem necessidade de aspiração, sequer. Nasceu um amor maior, desvairado e atrevido. Do nada, inesperado e descomprometido. Casou-se comigo antes mesmo de se casar. Podia ter-se casado a dois na véspera de Natal, com aliança de dedo, mas casou-se enamorado pelo Atlas, a ouvir música berbere, a sentir as papilas gustativas embriagadas pelo açafrão e com pulseiras a abraçar os punhos. (Continua)


A-m-o-r

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