Às vezes relembro que sou feita de cartolina. Não de papel crepe. Não de papel vegetal. Não de papel de seda. Sou de cartolina, branca, já bem vincada, que se dobra sobre si mesma, que se molda, que se aguenta.
Deixo que me escrevam palavras soltas, nomes, momentos, gotas de tempo, mas deixo que o escrevam a lápis, a lápis de cor. Deixo que me desenhem, que me pintalguem, que me abracem. Guardo em mim, restos de cores mal apagados, que fazem parte.
Não deixo que me recortem. Detesto colagens. Não sou dos papéis emprestados. Não sou dos desenhos de régua e esquadro.
Sou e serei sempre dos aviões de papel, dos desenhos de meninos de 2 anos, das canetas coloridas e perfumadas da minha infância.
Sou de cartolina, branca pintalgada, onde só escreve quem eu quero...
Sejamos páginas de papel, de escrita fácil, mas não gratuita...
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