A crónica das avós, é talvez a crónica mais complexa de escrever. Adjectivo-a como complexa porque é muito difícil descrever em palavras uma Avó. Prefiro dar-lhe um nome: Lurdes (avó Lurdes), pronúncia cantada do Sul, olhos singelos cor-de-esmeralda, cabelos curtos tingidos de preto, pequena como uma ervilha, inquieta como o vento e a transbordar amor. Saudades...
E, pergunto-me se não serão assim todas as Avós?
"Conheci as senhoras-avós, a quem prefiro chamar vovó, quando fugi do meu reino transparente. Esperavam-me com olhos reluzentes e uma ânsia quase arrasadora de colo com uns papéis coloridos e mil balões arco-íris. Falavam aos gritos, vozes estridentes e apressadas, e rapidamente percebi que a vida cá fora não ia ser fácil...
Fugazmente, a mais comprida, elevou-me nos braços e apertou-me tanto que quase não conseguia respirar. As mãos eram gigantes (quase do meu tamanho), voz elevada e pele cor de cevada. Timidamente, a outra, lábios de morango, com cheiro a gelado de amoras, prendia os meus dedos fininhos por entre os dela. E, o meu "tum-tum" tuntunzava como um cavalo a galope de tanto amor.
E, foi assim que conheci as vovós, a cor de cevada e a lábios de morango, que comigo constroem as crónicas da minha vida."
Esta crónica é uma mera introdução às personagens mais importantes da crónica do príncipe sem medo.
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