A-m-i-g-o-s, contam-se pelos dedos de uma mão, e não os conto todos. Poucos mas genuínos, sempre foi assim. A-m-i-g-o-s escrito com o, despojados, sem comparar ao espelho ou olhares de soslaio no balneário, sem querer trocar roupas giras, sem andar de braço dado pelo corredor da escola, sem saber todas as histórias românticas do miúdo giro da turma do lado, sem diminutivos hipócritas que perderam letras pelo caminho de "-mor ou -miga", sem obrigações, sem ralhetes de comando, sem definições bimbas de "melhor amiga", sem horas marcadas, sem rotinas. A-m-i-g-o-s das festas da garagem, das explicações uma hora antes dos testes, dos elogios vaporosos, dos colos quando está a chover, das críticas ao teu cabelo novo com franja ou das calças que não te ficam bem no rabo. Sou desses a-m-i-g-o-s, desses poucos que quase já não há. Sou a favor dos amigos que me dizem que estou bem de salto-agulha, mas que me puxam as orelhas se tomei uma decisão errada. Dispenso os amigos de "-mor ou -miga", que falam mal uns dos outros nos lanches vespertinos com a "-miga" do lado, que elogiam a tua pior saia de sempre e que dão palmadinhas nas costas mesmo quando fazes a maior estupidez aos olhos de todos (porque se assim não acontecer, acabou-se a -mizade, ok?-).
Por isso mesmo, A-m-i-g-o-s que são meus, quase todos se escrevem com o, contam-se pelos dedos de uma mão, e não os conto todos.
Das poucas que não se escrevem com o |
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