Os Rs deste mundo são tratados como cidadãos de segunda. Irreconhecidos, apontados, alvos fáceis, esquecidos, gozados. Começamos pelas figuras ilustres que administram este país e terminamos no vizinho do lado. Os passeios sem rampa, os escassos lugares de estacionamento prioritário, as escolas selectivas dominadas por pessoazinhas (dizem-se cidadãos de primeira e discursam com tal snobismo como se tivessem uma batata quente na boca) ainda mais selectivas. Mas, dou de barato! Já aprendi a reduzir todos os pequenos grandes esquecimentos que os perseguem que todos podem reparar (se quiserem, claro). O que realmente me contorce a alma num arrepio visceral de raiva, são os olhares incomodados de quem está mesmo ao lado, o carro do vizinho do 2A estacionado no lugar prioritário (que de deficiente, só mesmo a parvoíce), os adultos que se riem das palmas que saem estrondosas das mãos em concha ou que deitam olhares reprovaríeis de soslaio, as consultas hospitalares em dias seguidos, sem maleabilidade para ajustar. E os testemunhos dos pais...Ouço cada testemunho, cada palavra como se fosse minha. E, ouço frases, avaliações e deduções de colegas que dão vontade de chorar, tamanha a pequenez da alma. Caros colegas, se fossem vossos filhos (sem nunca lhe desejar tal , aos vossos filhos, claro) gostaria de saber como fariam. Não gosto. Não gosto mesmo que os tratem como cidadãos de segunda e não gosto de saber e sentir que são muitas vezes os da minha classe a fazê-lo. Esses pequenos grandes cidadãos, não de segunda, mas também não de primeira, também têm uma A namorada para dar beijinhos às escondidas, também choram quando caem, também podem ter sono e não querer estar sempre a dar provas. Deixem-nos ser felizes, não em primeira, não em segunda, mas no palco do mundo! (Não nos esqueçamos da rampa para quem não pode subir escadas...)
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