Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe



Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe


sábado, 15 de abril de 2017

O essencial é invisível aos olhos

Só escrevo quando me apetece. São tantas as ideias que me assaltam a cabeça, mas o tempo falha e quando me sento ao teclado, não faço ideia por que ponta lhe hei-de pegar. Vou pegar na ponta das pessoas que não sabem que são tão felizes. Sempre que acontece algum desafio na vida de alguém que nos está próximo, lembramo-nos que devemos viver mais, sonhar mais, querer mais, amar mais. E esta semana foi isto que aconteceu. Há momentos em que a vida congela a sua capacidade de fazer pulsar o coração e de andar para a frente. Na verdade, nestes momentos, ela não te puxa o tapete, ela puxa-te as pernas e cais no chão, com o corpo todo, enquanto tentas manter a cabeça elevada. Nesse instante, perspectivas a vida nessa perspectiva, no chão. E, quando deitados no chão impotentes, remoemos os momentos em que estávamos de pé, irados por uma estupidez qualquer. Os desafios são matreiros e aparecem do nada. Resta-nos, aos desafiados e aos que os rodeiam, pintar o chão de verde-primavera, semear margaridas e deitar lado a lado para depois levantar.  
Por isso, pessoas que não sabem que são tão felizes, lembrete no coração: respirem, riam, gritem, viajem, façam nascer, cuidem, apaixonem-se...













sábado, 1 de abril de 2017

Parabéns Tip Norte!

Escrito há 4 anos atrás:
"Hoje é o dia... quase a parecer mentira, é o dia de anos do Transporte Interhospitalar Pediátrico do Norte! Esta crónica é a nossa... 
1 de Abril de 2011, 20h30min: Ouve-se um som estridente que ecoa no bolso da farda branca. As mãos suadas atrapalham-se para atender. Silêncio ensurdecedor... Do lado de lá, uma voz de senhora antiga, diz em tom sabedor: recém-nascido,  poucas horas de vida, taquipneia, vaga na Maternidade. As mãos trémulas desligam. Sorriso nos rostos, vontade que impera, teoria dos livros que brota, ânsia que se abraça e coração que galopa... Incubadora morna, sacos enormes que empurram os ombros e arrancamos para o desconhecido. As sirenes misturam-se com a juventude de duas médicas, a sabedoria da enfermeira e a velocidade cuidadosa do acelerador do TAE. A caminho... Do outro lado, uma senhora de rosto cuidado, mãos compridas e semblante incrédulo debita a ficha clínica do pequeno príncipe para os olhos atentos e apontamentos são rabiscados num bloco com perfume a novo. Inaugurava-se o Transporte Interhospitalar Pediátrico do Norte...
Quilómetros intermináveis, barrigas vazias, vidas gastas e quase desgastadas, mil e uma crónicas para contar... Os jovens médicos de outrora são agora sobreviventes com risquinhas na testa e com cada vez mais raras borboletas na barriga, os enfermeiros preparam os remédios mágicos num suspiro e voam por entre espaços  inacreditáveis, os TAEs embalam nas mãos a estrada com vidros abertos às 5 da manhã pelo asfalto escuro lambido pelos pingos da chuva teimosa. 
Somos fortes e destemidos... Somos TIP Norte, cada vez mais e melhor!

Ao Transporte Interhospitalar Pediátrico do Norte: Maria João Baptista, Marta Grilo, Miguel Fonte, Ricardo Bianchi, Sofia Ribeiro Fernandes (eu), Américo Gonçalves, Edite Gonçalves, Rúben Rocha, Lígia Peralta, Céu Mota, Beatriz Beltrame, Juan Calvino, Enf. Paula Santos e todos os enfermeiros, TAE Miguel Ângelo Santos e todos os TAEs.
E a todos os outros que tornaram o TIP Norte uma realidade..."

Hoje, parabéns aos que mantém o TIP Norte e que o fazem continuar a salvar vidas...