Somos feitos de sonhos entrelaçados nos olhos dos outros. Somos de ferro, aço e betão misturados. Somos à prova de bala, corta-fogo, resistentes. Somos de seda oriental pintada à mão, mas que aguenta os rasgões. Somos meninos com nome. Falamos no singular. Temos um rosto. Somos de carne e osso, forrado de força. Não nos escondemos, não baixamos os braços, não nos vendemos, não fazemos voz meiga quando nos apetece explodir. Não somos afáveis para quem não o merece. Não somos actores. Não deixamos de dizer porque fica mal. Mas dizemos com voz, nome e entidade. Não somos cobardes. Não somos vendidos e não gostamos de vozes sussurradas. Somos incómodos, informais, inconvenientes, mas fazêmo-lo com nome próprio... Somos bem mais do que o que se vê. Deixamos pegadas no caminho. Já vivemos muito sobre isso e isso ninguém nos tira: a dor, o medo, a ansiedade, as lágrimas contidas, o primeiro passo, o chão que ia e vinha. Não percamos tempo a falar sobre aquilo que ninguém mais percebe. Esquecidos, desmemoriados, desprendidos, ocos de integridade e vazios de memória. Também já me esqueci!
Aos fraquinhos, pequeninos, anónimos de coração preto enevoado e cotovelo bem dorido. Às pessoinhas falsas.
Aguentamo-nos.
Eis-nos! (a música escondida aqui- carregar link- embala esta crónica)
Aguentamo-nos.
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