Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe



Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Epidural...mitos e dicas

As crónicas têm uma nova vertente. Uma vertente menos romântica, mais do que vem nos livros e do que não vem também. Respostas a perguntas que às vezes temos vergonha de fazer. Curiosidades que fazem parte da Medicina. Um pedido feito ao qual se vão seguir muitos outros. Um desafio aceite. Introduzo assim, sem querer parecer pretensiosa, o homem mais maravilhoso do Mundo que é também um anestesiologista fabuloso, como eu própria já o pude confirmar. Deixo as dicas que lhe permitem ser o mágico que faz com que o parto seja um momento menos doloroso. Tal e qual o escreveu:

Pedro A Pinto, Anestesiologista, futuro Pai babado que sentiu desejo de colaborar...

Dedicado ao R e à S, inspirações criativas presente e futura por trás das palavras da adorável S...

“O Sô Anestesista é médico?...”
Fiquei sem palavras... soltei um estrondoso sorriso embebido numa gargalhada silenciosa...
Isto de sermos amigos de Morfeu tem as suas “vantagens”, mas também apresenta algumas peculiaridades bem explanadas na pergunta que muitos colegas meus sentiriam como ofensiva ou sinal de descrédito...
Mas não foi isto que me pediram... Sou Anestesiologista, sim Anestesiologista, esse “ser” temido pelo comum dos mortais de quem muitos precisam e muitos não querem ver...
A parte mais visível da minha arte é justamente a anestesia para Obstetrícia. “Dar a epidural...”, expressão curiosa que não é mais do que a colocação de um cateter na região lombar da coluna para administração de medicação para alívio de dor do trabalho de parto.
Durante este procedimento vão sentir uma ligeira picada para anestesia da pele e uma sensação normalmente descrita com um “empurrar das costas”. Nada demasiado incómodo!!
A vossa colaboração é essencial... sim porque tecnicamente facilita muito o vosso posicionamento.
Após a colocação podemos usar o mesmo cateter, ou via, as vezes que vos for necessária durante o tempo necessário para terem um parto sem dor.
Como maior vantagem apenas vos digo que o vosso bebé agradece, e isso é o nosso maior argumento para com as mais relutantes!!!! Claro que além disso podia estar aqui a enumerar o excelente alívio da dor, a estabilidade cardiovascular, a possibilidade de ser usada para a anestesia para cesariana,...
Medos muitos, por parte das grávidas, que vou tentar desmistificar.
- A epidural não provoca lesões permanentes e tem um risco muito baixo de complicações, maioritariamente com um carácter transitório.
- Das complicações mais frequentes enumera-se as cefaleias (ou “dor de cabeça”), analgesia insuficiente ou ineficaz, “comichão”, dor no local da punção, náuseas ou mesmo vómitos (por norma relacionados com a baixa da tensão arterial), retenção urinária. Todas elas transitórias e com tratamento eficaz.
A nossa função, como profissionais de saúde desta arte, não se resume ao descrito mas seguramente é a “pequena” parte que mais satisfação e orgulho nos provoca...

Com estas parcas palavras apenas quero fazer passar uma ideia muito própria...
“Ajudem o vosso Anestesiologista a ajudar!!!...”


Post Scriptum: Pais (masculino de Mães!!), para vós ainda não fazemos epidural para analgesia de parto, por isso apenas estejam lá de mão dada com as mães e um olhar ternurento e orgulhoso do que acabaram de conseguir!!...


Pós de magia

4 comentários:

  1. Porque é que o bebé agradece? Existem pelo menos dois estudos que indicam que a epidural está associada a maiores dificuldades na amamentação e pior maturidade motora do recém-nascido. Nos estudos mais antigos também havia associação entre epidural e maior risco de instrumentação do parto e cesariana. Se a mãe está com muitas dores, percebo que agradeça, agora que o bebé agradeça já tenho mais dúvidas.
    PS- Sou médica e tive dois partos maravilhosos sem epidural por opção (opção que se formou depois de uma conversa com um anestesista sobre a possível influência da epidural nos neuroreceptores do feto).

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    1. Joana,
      Quando o colega pedro refere que o bébé agradece está a falar em comparação à analgesia farmacológica por via não epidural ( IM, IV,etc). Sendo as mais frequentemente usadas a petidina e o remifentanil que como deve entender provocam depressão do RN pois atravessam a BP. Agora, se a mãe optar por um parto não medicamentado é óbvio que não haverá prejuízo nenhum para o bébé, desde que ela consiga lidar com a dor e colaborar com o trabalho de parto.

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  2. gostei do artigo e deveria de continuar pois tem o mesmo sentido de escrita que a Sofia (menos romantico), mas preciso/objectivo, esclarecedor e de facil leitura

    obrigado

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  3. Antes de nascer o Edgar eu dizia sempre que não queria a epidural. Tinha muitos receios, não pelos efeitos secundários que ela poderia provocar mas pelo facto de ser uma picadela na zona em que é... no entanto, na altura mais "apertada" aceitei a ajuda de uma fantástico anestesista que atenciosamente me explicou tudo de uma forma breve e explicita (pois estava eu com dores). Bem... de repente "fiquei no céu" e desfrutei melhor do nascimento do meu bebé!!! <3 Um bem haja a quem tem mãos mágicas e que com um toque subtil nos consegue fazer sentir bem!!!

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