As crónicas têm uma nova vertente. Uma vertente menos romântica, mais do que vem nos livros e do que não vem também. Respostas a perguntas que às vezes temos vergonha de fazer. Curiosidades que fazem parte da Medicina. Um pedido feito ao qual se vão seguir muitos outros. Um desafio aceite. Introduzo assim, sem querer parecer pretensiosa, o homem mais maravilhoso do Mundo que é também um anestesiologista fabuloso, como eu própria já o pude confirmar. Deixo as dicas que lhe permitem ser o mágico que faz com que o parto seja um momento menos doloroso. Tal e qual o escreveu:
Pedro
A Pinto, Anestesiologista, futuro Pai babado que sentiu desejo de colaborar...
Dedicado
ao R e à S, inspirações criativas presente e futura por trás das palavras da
adorável S...
“O
Sô Anestesista é médico?...”
Fiquei
sem palavras... soltei um estrondoso sorriso embebido numa gargalhada
silenciosa...
Isto
de sermos amigos de Morfeu tem as
suas “vantagens”, mas também apresenta algumas peculiaridades bem explanadas na
pergunta que muitos colegas meus sentiriam como ofensiva ou sinal de
descrédito...
Mas
não foi isto que me pediram... Sou Anestesiologista, sim Anestesiologista, esse
“ser” temido pelo comum dos mortais de quem muitos precisam e muitos não querem
ver...
A
parte mais visível da minha arte é justamente a anestesia para Obstetrícia.
“Dar a epidural...”, expressão curiosa que não é mais do que a colocação de um
cateter na região lombar da coluna para administração de medicação para alívio
de dor do trabalho de parto.
Durante
este procedimento vão sentir uma ligeira picada para anestesia da pele e uma
sensação normalmente descrita com um “empurrar das costas”. Nada demasiado
incómodo!!
A
vossa colaboração é essencial... sim porque tecnicamente facilita muito o vosso
posicionamento.
Após
a colocação podemos usar o mesmo cateter, ou via, as vezes que vos for
necessária durante o tempo necessário para terem um parto sem dor.
Como
maior vantagem apenas vos digo que o vosso bebé agradece, e isso é o nosso
maior argumento para com as mais relutantes!!!! Claro que além disso podia
estar aqui a enumerar o excelente alívio da dor, a estabilidade cardiovascular,
a possibilidade de ser usada para a anestesia para cesariana,...
Medos
muitos, por parte das grávidas, que vou tentar desmistificar.
- A
epidural não provoca lesões permanentes e tem um risco muito baixo de
complicações, maioritariamente com um carácter transitório.
- Das
complicações mais frequentes enumera-se as cefaleias (ou “dor de cabeça”),
analgesia insuficiente ou ineficaz, “comichão”, dor no local da punção, náuseas
ou mesmo vómitos (por norma relacionados com a baixa da tensão arterial),
retenção urinária. Todas elas transitórias e com tratamento eficaz.
A
nossa função, como profissionais de saúde desta arte, não se resume ao descrito
mas seguramente é a “pequena” parte que mais satisfação e orgulho nos
provoca...
Com
estas parcas palavras apenas quero fazer passar uma ideia muito própria...
“Ajudem
o vosso Anestesiologista a ajudar!!!...”
Porque é que o bebé agradece? Existem pelo menos dois estudos que indicam que a epidural está associada a maiores dificuldades na amamentação e pior maturidade motora do recém-nascido. Nos estudos mais antigos também havia associação entre epidural e maior risco de instrumentação do parto e cesariana. Se a mãe está com muitas dores, percebo que agradeça, agora que o bebé agradeça já tenho mais dúvidas.
ResponderExcluirPS- Sou médica e tive dois partos maravilhosos sem epidural por opção (opção que se formou depois de uma conversa com um anestesista sobre a possível influência da epidural nos neuroreceptores do feto).
Joana,
ExcluirQuando o colega pedro refere que o bébé agradece está a falar em comparação à analgesia farmacológica por via não epidural ( IM, IV,etc). Sendo as mais frequentemente usadas a petidina e o remifentanil que como deve entender provocam depressão do RN pois atravessam a BP. Agora, se a mãe optar por um parto não medicamentado é óbvio que não haverá prejuízo nenhum para o bébé, desde que ela consiga lidar com a dor e colaborar com o trabalho de parto.
gostei do artigo e deveria de continuar pois tem o mesmo sentido de escrita que a Sofia (menos romantico), mas preciso/objectivo, esclarecedor e de facil leitura
ResponderExcluirobrigado
Antes de nascer o Edgar eu dizia sempre que não queria a epidural. Tinha muitos receios, não pelos efeitos secundários que ela poderia provocar mas pelo facto de ser uma picadela na zona em que é... no entanto, na altura mais "apertada" aceitei a ajuda de uma fantástico anestesista que atenciosamente me explicou tudo de uma forma breve e explicita (pois estava eu com dores). Bem... de repente "fiquei no céu" e desfrutei melhor do nascimento do meu bebé!!! <3 Um bem haja a quem tem mãos mágicas e que com um toque subtil nos consegue fazer sentir bem!!!
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