Tinhas tudo para dar certo. O nervoso-miudinho, o dia escolhido a dedo, as ecografias nos percentis adequados à idade gestacional, as vitaminas engolidas sempre à mesma hora, os retratos em cenários fabulosos, o amor das mãos do Pai, a barriga voluptuosa, o enxoval alinhado e com perfume a Verão, os neonatologistas a postos. Tinhas os olhos postos em ti e em mim, a crítica permanente e o dedo apontado para a escolha de ser cesariana, de dia e hora marcados. Pontuais, assertivos e medidos de régua e esquadro. Que se lixem os dedos apontados e os comentários anonimamente reprovadores. Que se lixem os que não sabem o que dizem. Não voltaria a passar pelo sufoco interminável de horas de um parto abandonado num cubículo de hospital público, com direito a diplopia, a uma sede tremenda, a uma laceração do períneo e a um filho que só ficou duas horas nos braços e migrou para a incubadora. Não voltaria a viver aquela angústia, medo e desespero, por isso, escolhi que o teu primeiro inspirar de vida cá fora fosse no dia da Avó Carmina, tão ele cheio de luz e quente como ela era. Escreves nas gargalhadas uma felicidade de arraial de S. João, cantarolas a vida como ninguém, comandas nessa tua pequenez a malandrice de criança e marchas pela sala fora tal qual a Avó.
Sim, deste certo, muito certo.
Mais um ano de vida à pequena S, que dança como ninguém a dança que Avó dançava, que se enerva de igual modo e que continuará as suas pegadas cá por baixo... A si, Avó Carmina, brindemos com um bom champagne e gargalhadas, porque dizia e muito bem, que um gole de vinho é alegria e sempre a conhecemos assim!
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