Revivalismo de um nascimento: o teu. O que se espera quando se está grávida a sonhar acordada com as mãos a segurar o ventre recheado de miúdo? Imagina-se o choro forte de um bebé amarfanhado, as roupas com perfume de algodão, o colo romântico, os sorrisos das visitas de hospital, o primeiro banho, o primeiro leite, a chegada a casa. O caminho que percorremos até à chegada, esquece-se.
Pois bem, o teu caminho foi carregado de pedregulhos, enormes e cortantes, inesquecível. Horas infindáveis de pura incompetência científica, levaram-nos a um caminho inesquecível. Nunca o poderei esquecer: as faces consternadas, as ventosas, os neonatologistas, a diplopia a que tive direito pelo excesso de medicação, a sede imensa. Tudo num hospital que era o Meu desde que o dia em que decidira ser médica. Tudo com caras mais ou menos conhecidas. Tudo a zelar em prol do movimento anti-cesariana e a corroborar a velha máxima "casa de ferreiro, espeto de pau". E, tu chegaste, cansado e a precisar de ajuda, após horas infindáveis de um parto. Perguntam-me muitas vezes qual o melhor local para o bebé nascer... Decido não opinar ao contrário do que fazia no teu início. Queria que nascesses de mim, naturalmente qb, mas nunca fui fundamentalista. Foram-no por mim, por nós e são-no por outros tantos que têm que nascer naturalmente, a bem ou a mal.
O caminho não tem de ser perfeito ou fácil, tem sim de ser suficientemente eficiente, para que o que fique na memória seja o grito da chegada a transbordar vida.
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