Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe



Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe


terça-feira, 27 de maio de 2014

Equipa...

Espírito de equipa. É num tom avinagrado que ouço falar, apelar e incentivar o espírito de equipa. É quase delicioso sentir que é aquela expressão que se usa em prol de se conseguir chicotear os que estão a fazer cumprir os seus direitos. 
Meus caros, começo por vos explicar o que é uma equipa.
Equipa é um conjunto de pessoas (basta duas) que trabalham, vivem e se coordenam com um fim comum. Sou eu e o P.. São as quatro pessoas que viveram dias a fio no hospital para construir um projecto. São os que estão na sala de emergência, sem relógios, sem fardas imaculadas, sem olhares reprovadores. São os avós antigos. E, ser da equipa não é um nome escrito numa escala de banco, não é fazer olhares de soslaio aos contratos dos outros, não é fazer jantares em restaurantes da moda na baixa do Porto, não é esquecer os que ficaram acordados a noite toda e ainda criticar as decisões tomadas.
Como se pode falar em espírito de equipa se na verdade quem mais apela a semelhante nem sabe o que é uma equipa?
Nós, os médicos, temos muito este desejo fugaz de ser uma equipa e vivemos a apelar  ao espírito de equipa. É inato à profissão, faz parte do ensinamento e deveria ser para o melhor do doente. Mas, muitas vezes não é. Não se pratica, apenas se cita. Já fiz parte de várias equipas e com verdadeiro espírito de equipa (nunca de todos, mas afinal bastam dois). Críticas à parte, até porque faz bem falar, o espírito de equipa vai-se desvanecendo quando se descobre que a equipa é só de duas pessoas, no máximo três. O resto é plateia...
Agora a minha equipa é outra. Desculpem-me as equipas das quais eu fiz parte, mas esta equipa faz-me vestir muito mais a camisola e por esta (sim) imano espírito de equipa. 


Às equipas que valem a pena. 


Equipa


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