Os que são meus. É engraçado ouvir sonantes comentários acerca
da proximidade com os doentes, ou no caso da Medicina Pediátrica, com os Pais.
Questionável, até, diria eu... Mas, na verdade, sou-lhes absolutamente indiferente,
passam por mim como uma brisa amena daquelas que não faz o cabelo deslizar no
rosto. Os inquilinos daquelas oito camas são meus. São meus durante 24 horas
consecutivas e mais outras tantas que se vão semeando todos os dias. Mas também são meus quando dispo a
desarranjada farda amarela e vou para casa, ou quando vão habitar outra cama
fora dali.
E, aos que são meus,
assumo com eles a dor, a taquicardia, a angústia, a alegria, a vitória. Quero
estar no momento de dar a volta ou do
click. Não deixo que fiquem na dúvida
ou na incerteza, ou pelo menos tento que não o fiquem. Não permito que se
sintam sozinhos. Amparo as lágrimas corridas. Respeito a ira. E, por isso,
quando um inquilino (não raras vezes), decide abandonar o caminho, exausto do
caminho empedrado que se ergueu perante a sua pequenez, também é minha uma
tristeza aliviada.
Ao meu pequeno que fugiu devagarinho para um caminho que terá talvez
perfume a gelado de mirtilo, será morno como um fim de tarde de Verão e talvez
tenha borboletas a dançar ao som de risadas de criança. Boa viagem!
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