Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe



Sofia Ribeiro Fernandes, crónicas de uma Mãe Pediatra e de uma Pediatra Mãe


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A-m-o-r

Amor-condensado. Somos nós.
Amor que vive ao contrário.
Amor casado em segredo, sem anéis, véu e grinalda.
Amor em pulseiras.
Amor de ténis em véspera de Natal.
Amor dos cafés antes das entradas num restaurante qualquer.
Amor do Porto velho e sujo.
Amor num terraço de riad marroquino assistido na tribuna pelo Atlas imenso.
Amor sem perguntas.
Amor sem medo, sem diagnósticos ou papéis.
Amor com tudo que sou.
Amor em retratos Lomo nunca revelados.
Amor que aprendeu a gostar de caril.
Amor que faz rir.
Amor que és meu, perfeito de tão imperfeito...




Um blogue com pele sã

Porque somos amantes do sol, das esplanadas brancas, dos passeios junto ao rio e da praia que ainda está por vir. Porque queremos pele de seda cor de café com leite. Porque queremos banhos de mar infindáveis sem medo de virar camarão. Somos Bioderma na pele...

Bioderma, obrigada pelo convite. 


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O hospital

Um hospital é um livro de histórias fechadas entre paredes. E, a história transforma-se quando estamos de visita, quando estamos doentes, quando somos estudantes ou quando somos uma das peças principais.
Setembro de 1997. Entrei pela primeira vez no hospital como estudante. O cheiro intenso a éter que sempre sentia quando ia ao hospital desaparecera por entre o rebuliço das batas. Cheirava a folhado misto do bar da faculdade no piso 01 misturado com café torrado da máquina irrequieta. Apinhavam-se pessoas de bata branca que circulavam numa azáfama brusca, cumprimentavam-se velozmente e algumas paravam para falar em tom de sussurro e com olhares de soslaio. Era um hospital diferente, um piso de pessoas que tratavam os clientes pelos nomes próprios e sorriam, a Teresa da fotocopiadora, a Marta das Sebentas, o Faustino dos retratos e a tão querida Lina da Associação de Estudantes. Erguia-se imponente ao fundo à direita o Salão de Alunos, um verdadeiro salão de jogos, sofás desbotados de couro castanho e mesas apinhadas de capas pretas e pastas fitadas de amarelo. Era um hospital diferente, igualmente agitado, mas diferente. As pessoas riam, adormeciam as ressacas do dia anterior (ou antes, da semana inteira), faltavam às aulas para jogar cartas, a tuna ensaiava majestosa e feliz alheia do peso atroz dos pisos de cima...
1997-2003. Passam-se os anos, vão e vêm novas caras, deixo de sentir o cheiro a éter, mas mantêm-se os hábitos. As pessoas de bata branca estão mais velhas mas continuam sussurrantes pelos corredores, a máquina de café (não sei se a mesma, embora pareça pelo aspeto velho) continua a vomitar cafés a toda a hora, o salão continua a ser o refúgio da dor dos pisos de cima.
2004-2005. Internato Geral. Já não cheira nada de nada a «hospital». O hospital cheira a «casa». Já sussurro pelos corredores e tomo café pela manhã. Resta-me olhar o salão pelas janelas amplas do piso 2 e assistir de plateia à dança dos alunos-cara-de-bebés.
2006-2011. Internato de Especialidade. Crescida, dedicada à ciência dos pequeninos. Toma-se café na máquina em passo acelerado para as consultas. Não há tempo a perder e já não se olha para o salão. Passou a esquecido.
2011-2013. Pediatra. Pediatra de pijama branco que sai a correr para um hospital qualquer. Que assiste à dor e vive no fio da navalha a ciência que estudou. E, relembra-se do salão... O salão recheado de caras desconhecidas, de miúdos e miúdas de tenra idade que dizem balelas tão próprias da idade e fazem rir. Fica-se por lá a tomar café, a olhar à volta e a abafar o peso dos doentes dos pisos de cima.

Um hospital é isto...



domingo, 16 de agosto de 2015

1 ano de miúda...

Menina do Porto, tripeira com maneiras, olho atrevido-esbugalhado, riso escondido a deixar perdidos sete dentes, 1 ano de vida. Um ano cheio de noites mal dormidas, de rituais festivaleiros de fim-de-tarde com os amigos dos Pais, de constipações decepadas pelo vigor pediátrico materno. Menina do Porto, atrevida e vivaça, que procura o R dos abraços pesados e de amor-violento deliciosamente apaixonante. Menina-gordinha de colo fácil e choro gritado. Não gosta de laços voluptuosos no cabelo e dá risadas com os olhos encolhidos. 
Vem tarde e fora de horas o tributo do teu ano de vida, mas foi ameaçado o rascunho precisamente no dia em que nasceste. Vem tarde e fora de horas, mas não pude deixar de o escrever para um dia quando souberes ler, poderes rir à gargalhada. 
Só quero e preciso que sejas feliz, abraçada ao nosso R e a espalhar brasas pelo mundo...

Mini-me

Minis-eu by Ricardo Silva Fotografia



Jardim maravilhoso pela Talking cakes

Porta do Jardim

N-Ó-S by Brigida Brito Fotografia